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A pecuária brasileira está passando por transformações significativas, impulsionadas pelo aumento da demanda por bezerros e pela intensificação da produção. Nos anos de 2024 e 2025, os produtores retomam os investimentos em reprodutores de genética superior e nas biotecnologias de reprodução, como a inseminação artificial (IA), a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e a fertilização in vitro (FIV). Esses movimentos aquecem o mercado de reprodutores avaliados e fortalece o cruzamento industrial, focado na exportação e na produção intensiva através dos confinamentos.

Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), desde agosto de 2024, o preço médio da carne bovina aumentou 27,8%, impactando a inflação, fenômeno explicado pelo balanço entre oferta e demanda. Em 2024, o Brasil registrou um recorde de exportações, alcançando 2,87 milhões de toneladas, com um aumento de 750 mil toneladas equivalentes carcaça. Ao mesmo tempo, a produção inspecionada cresceu 1,57 milhão de tonelada, aumentando a disponibilidade no mercado interno.

Essa alta na produção teve inicio de 2022, levando à queda dos preços dos bois e afetando diretamente os pecuaristas. Em 2023, os produtores sofreram uma desvalorização de quase 20% nos preços recebidos, impactando na rentabilidade de um setor que tem margens estreitas. Nos varejos os preços também despencaram em 2022-2023, mas voltaram a subir a partir de agosto de 2024.

Com a demanda aquecida e uma oferta momentaneamente menor, a cotação do boi gordo avançou 38,7% entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025. Entre 2025 e 2026, com a valorização da bezerrada, a tendência natural é a retenção de fêmeas para a intensificação da reprodução, garantindo o abastecimento do mercado com bezerros de reposição. Esse ciclo impacta diretamente os anos seguintes, e, entre 2026 e 2027, a menor oferta de matrizes leva a uma queda no abate de fêmeas, o que, por sua vez, aquece a procura pelo boi gordo. Com a oferta mais restrita, o preço da arroba sobe, impulsionando também o valor do boi de reposição.

Já em 2028, a valorização do mercado pode fazer com que tanto o bezerro quanto o boi sigam a tendência de alta, incentivando os produtores a aumentarem a produção de bezerros. Esse movimento é resultado principalmente dos investimentos reprodutivos feitos nos anos anteriores, consolidando a importância do planejamento estratégico dentro da pecuária. Entre 2028 e 2029, o ciclo pecuário se renova, refletindo as decisões tomadas nos últimos cinco a seis anos e preparando o setor para novas oportunidades e desafios.

Além dessas movimentações naturais do mercado, outros fatores impactarão a pecuária do futuro. A sustentabilidade e a rastreabilidade da carne ganham cada vez mais relevância, impulsionadas pela exigência dos mercados internacionais em relação à origem do produto e às práticas ambientais. Tecnologias como blockchain para rastreamento do gado e sistemas regenerativos de manejo são cada vez mais valorizadas. A nutrição animal também se torna um fator estratégico, com a adoção de suplementações e aditivos nutricionais que otimizam o ganho de peso e a eficiência alimentar.

A exportação continuará sendo determinante para a precificação do boi gordo, especialmente com a influência do mercado chinês e a abertura de novas oportunidades em países como Indonésia e nações do Oriente Médio. Paralelamente, a automação e a digitalização da pecuária ganham espaço, com o uso de inteligência artificial na gestão do rebanho, sensores para monitoramento da saúde dos animais e confinamentos automatizados, garantindo maior eficiência produtiva.

A pecuária do futuro será moldada por inovação, sustentabilidade e eficiência. Quem investir nessas frentes estará à frente das oportunidades e desafios desse mercado em transformação.

Fontes:

Athena Agro. O preço da carne bovina continuará a subir? Disponível em: https://athenagro.com.br/blog/o-preco-da-carne-bovina-continuara-a-subir/. 

Pecsite. Tendências para pecuária em 2025: inovações e desafios essenciais. Disponível em: https://www.pecsite.com.br/tendencias-para-pecuaria-em-2025-inovacoes-e-desafios-essenciais.

Senepol. Parte 2: ciclo pecuário e a comercialização. Disponível em: https://senepol.org.br/parte-2-ciclo-pecuario-e-a-comercializacao/. 

Portal do Agronegócio. Carne bovina em alta: valorização do setor pecuário deve persistir até 2026. Disponível em: https://www.portaldoagronegocio.com.br/pecuaria/bovinos-de-corte/noticias/carne-bovina-em-alta-valorizac-a-o-do-setor-pecua-rio-deve-persistir-ate-2026#google_vignette.