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O diferimento de pastagem é uma estratégia fundamental para garantir alimento ao gado nos meses mais secos do ano, como julho, agosto e setembro. Com a chegada do período chuvoso, este é o momento ideal para planejar e executar essa técnica, assegurando pasto de qualidade quando a oferta natural de forragem diminui.

O diferimento de pastagem consiste na vedação de uma área de pasto durante o período final das chuvas, permitindo o crescimento e acúmulo de massa forrageira sem a presença dos animais. Dessa forma, quando os meses secos chegam, há disponibilidade de alimento com bom valor nutricional, reduzindo a dependência de suplementação.

Essa estratégia oferece diversos benefícios, como:

Disponibilidade de forragem na seca: Garante alimento para o gado quando a produção natural das pastagens cai.

Redução de custos: Menor necessidade de compra de ração e suplementos.

Melhoria na conservação do solo: A vegetação protegida melhora a retenção de água e reduz a erosão.

Aumento na produtividade animal: Com uma nutrição mais estável, os animais mantêm melhor desempenho.

A importância da gestão forrageira na pecuária

O Brasil é referência mundial na produção pecuária, com mais de 90% do rebanho bovino criado em sistemas a pasto. No entanto, a oferta de forragem varia significativamente ao longo do ano, impactando diretamente a produtividade e a lucratividade da atividade. No Centro-Oeste brasileiro, por exemplo, a maior parte da forragem (80%) é produzida entre outubro e março, enquanto apenas 20% é gerada de abril a setembro. Essa irregularidade pode comprometer o desempenho dos animais e exigir ajustes estratégicos para manter a eficiência do sistema produtivo.

Sem uma estratégia eficiente, muitos pecuaristas precisam reduzir o rebanho ou vender os animais antes da seca, comprometendo seus lucros. Quando isso não acontece, a degradação do pasto e a baixa performance dos bovinos geram prejuízos ainda maiores. Uma alternativa inteligente para garantir forragem no período seco é realizar o diferimento de pastagem, equilibrando a taxa de lotação e preservando a sustentabilidade da atividade.

Como funciona essa técnica estratégia na seca?

Essa técnica consiste em vedar uma área específica no final do período das chuvas, permitindo o acúmulo de forragem para ser utilizada durante a seca. O sucesso do diferimento depende de fatores como taxa de lotação, escolha da área e manejo adequado.

Fazendas com até 1,5 UA/ha/ano são mais indicadas para essa estratégia, mas em regiões com maior pluviosidade, pode ser aplicada em áreas com até 3,0 UA/ha/ano.

O tamanho da área diferida não deve ultrapassar 40% da área total, para evitar sobrecarga nas demais áreas de pastagem.

Um planejamento eficiente evita impactos negativos na produção e assegura maior eficiência na gestão forrageira.

Conheça algumas dicas para realizar essa estratégia:

A escolha do momento é fundamental para o sucesso! A vedação deve ser feita 30 a 40 dias antes da seca começar a limitar o crescimento da forrageira. No Centro-oeste, esse período ocorre entre fevereiro e março.

Selecione o capim adequado e controle a altura: As Brachiarias (Marandu, Piatã e Paiaguás) e Cynodons (Estrela, Coastcross e Tifton) possuem alta relação folha/colmo e boa persistência sendo uma otima opção. Antes do diferimento, o rebaixamento do pasto para 10 a 20 cm melhora a rebrota e a estrutura da forrageira.

Os períodos intermediários entre 60 e 90 dias garantem um melhor equilíbrio entre quantidade e qualidade da forragem.

Divida a área diferida em períodos distintos, garantindo oferta de forragem ao longo de toda a seca. Exemplo: 40% da área diferida em fevereiro para uso de maio a julho e 60% em março para uso de agosto a outubro.

Invista em adubação nitrogenada. À aplicação de nitrogênio melhora a produtividade da área diferida e reduz o tempo de espera até o uso da pastagem.

Suplementação Estratégica. Como a qualidade da forragem diferida tende a ser baixa, a suplementação proteica ou proteico-energética deve ser ajustada conforme o desempenho desejado. Níveis recomendados variam de 0,1 a 0,3% do peso vivo.

Essa estratégia de manejo visa garantir a alimentação do rebanho durante a seca. O planejamento deve começar agora, durante período chuvoso, para que nos períodos mais críticos da seca, o pasto esteja pronto para ser utilizado. Com um manejo adequado, é possível reduzir custos, melhorar a produtividade e manter a sustentabilidade da propriedade rural.